sexta-feira, novembro 26, 2004

Elevadores

Elevadores... que invenção magnífica. É que para além de permitirem aos mais preguiçosos não mexerem os seus joelhos para subir umas escadas, são também tubos- proveta para se analisarem certos comportamentos sociais que, de outra forma, dificilmente se verificariam.
Agora que já disse algumas palavras mais finas, cheguemos ao cerne da questão (não consigo parar). Reparei no outro dia algo que um amigo meu me referiu logo a seguir: Num elevador, ninguém olha em frente. Temos aqueles indivíduos que olham para o chão, como que numa tentativa de encontrar uma lente de contacto perdida. temos também aqueles que olham para cima, admirando aquelas grades de ventilação e lâmpadas fluorescentes que iluminam o espaço, olhando sempre com um olhar bastante crítico, semelhante áquele verificados por gente que não dintingue um Chardonnay de uma copo de vinagre, quando prova um vinho num restaurante fino. Temos também aqueles que, numa tentativa de parecer mais discretos, lêem com um ar muito interessado aquelas placas nas paredes, cortesia da Otis, Thyssen e demais, como que numa tentativa de saber de cor a lotação e peso máximo da máquina.
Tudo isto acontece devido a duas situações. Se alguém for sozinho no elevador com gente que desconhece, olhá-los nos olhos assume um carácter de desafio primitivo, quase animal, sendo quase um pedido para despir o casaco e iniciar já ali uma recriação de uma qualquer cena de Rocky. Se, por outro lado, a pessoa em questão for acompanhada por amigos para o elevador já povoado, um olhar nos olhos do amigo traz inevitavelmente uma gargalhada incontrolável, como só acontece nas situações menos próprias. Assim, todo o contacto visual num elevador é sempre algo a evitar.
Temos também outro acontecimento num elevador: o cerco. Falo-vos daquela situação em que, estando já o elevador cheio quando se entra e, tendo tomado todos os presentes as suas posições junto às paredes, resta apenas um local de pousio: o meio. Quando alguém é forçado a ficar no meio, o desconforto de um elevador cresce exponencialmente, tanto numa tentativa de não virar as costas a ninguém, como o ridículo de estar a ser observado jocosamente por todos os presentes. Assim, o pobre desgraçado parece ter entrado num filme do mítico Steven Segal, em que todos os vilões formam um círculo para tirar a rifa para atacarem à vez o herói.
É giro pensar nestas coisas e lanço aqui um apelo para que sugiram e pensem em estratégias para superar este desconforto.
Saudações Simeanescas.

A função pública - aquela máquina...

Possuir mentalidade de funcionário público significa:
a) Ter duas ambições profissionais: ser chefe e atingir depressa a reforma;
b) Desejar que todo e qualquer feriado calhe a uma sexta-feira;
c) Achar que todos os trabalhadores deviam ser funcionários públicos, para “verem como elas mordem”;
d) Praticar o culto da hierarquia e da antiguidade no posto;
e) Rejeitar qualquer inovação no serviço: mudar de agrafes para clips “baralha logo o esquema todo”;
f) Deixar para amanhã o que pode ser feito hoje;
g) Sentir uma enorme satisfação de dever cumprido só por picar o cartão de ponto;
h) Combater a frustração de trabalhar imenso não fazendo nada pensando que há quem viva pior;
i) Sonhar que um dia ganhará o euromilhões;
j) Ambicionar que toda a extensa prole serão doutores;
k) Considerar-se em todos os momentos um agente da moral e da ordem;
l) Ter como jogo predilecto a “batata quente”: veja-se como um indivíduo vai, por exemplo, a uma repartição das finanças e sai de lá depois de ter visitado cada guichet pelo menos duas vezes;
m) Ter prazer em desanimar o “cliente” afirmando que “o carimbo que o formulário precisa vai demorar pelo menos 15 dias”, mesmo que o instrumento repouse na secretária;
n) Descascar a velhinha que demorou um minuto entre levantar-se da cadeira e chegar ao balcão para recolher a reforma e acalmar o executivo “sem papas na língua” dizendo: “tenha calma que aqui ninguém tem pressa... o senhor não queria que eu me enganasse em qualquer coisa e lhe estragasse o dia...”;
o) Afirmar que a assinatura no papel rejeitado que o executivo se queixa que foi mal preenchido não lhe pertence;
p) Ter o autocolante de “Por favor não fume” na secretária ao lado de um cinzeiro a apoiar um cigarro aceso;
q) Pedir ao “cliente” que não fume porque não gosta de “cheirar o fumo dos outros”;
r) Rejeitar a clientela toda afirmando que “o sistema tem estado todo em baixo”, quando é só o Solitaire que dá erro;
s) Vestir sempre xadrez;
t) Perguntar sempre “Está à espera de alguém?” quando chega ao balcão e está lá um indivíduo à espera;
u) Começar o discurso por “Olhe, meu/minha amiga/o” sempre que vai dizer que não pode resolver o problema apresentado;
v) Fazer greve porque quer ganhar mais e trabalhar menos, não obstante a produtividade estar perto de zero;
w) Aproveitar sempre que o “cliente” se apresente com melhor aspecto para dizer que “isto pelo processo normal demora «um bocadinho» mas se calhar eu posso fazer-lhe um jeitinho e apressar as coisas”, olhando descaradamente para o bolso da pessoa;
x) Insistir que “o formulário EQ3-B/125 versão 16 é no guichet ao lado” quando atrás tem um cartaz de dois metros quadrados alertando: “Formulário EQ3-B/125 versão 16 – Peça aqui”;
y) Disfrutar de uma pausa para café de 2/3 do dia de trabalho;
z) Cantarolar a música do Avante quando o rádio do local de trababalho não funcionar.

E o funcionário público não trabalha porque:
1 – Não precisa;
2 – É mal pago;
3 – Os outros também não trabalham;
4 – Nunca trabalhou.


quinta-feira, novembro 25, 2004

Então... Por cá?

Hoje decidi falar-vos dum movimento que dura já desdde o início da linguagem falada: A Pergunta Idiota.
Estava eu, uma destas noites, a contribuir seriamente para uma cirrose na minha vida adulta, numa conhecida discoteca lisboeta (como ninguém me paga, não faço publicidade) quando, numa necessidade humana de quem ingere vários litros de cerveja e bebidas brancas, tive de ir "trocar a água às azeitonas. Estando eu no meio do referido acto, eis que aparece um conhecido meu que se coloca no urinol ao lado e me lança a pergunta: "Então pá...por cá?...O que é que tás a fazer?". Eu, com mais alcoól que sangue na corrente sanguínea, não tive a capacidade de responder à altura. Mas vejamos, estava em de frente para aquele aplique de cerâmica mítico, com a breguilha aberta, com uma mão entre as pernas e outra a segurar um copo... estava claramente a praticar pesca desportiva.
Estas perguntas, retóricas no seu sentido, mas que todos usam como modo de iniciar uma conversa, são talvez a pior invenção em termos de comunicação, rivalizando mesmo com os rodapés de sms dos canais de TV e certos livros que vendem mais que papos-secos, que não vou nomear para não gerar polémica neste cantinho.
As variações destas perguntas são tantas que é impossível nomeá-las a todas, pelo que me vou apenas referir a alguns casos meus conhecidos.
Um conhecido meu contou-me que, estando ele à frente da banca de pipocas dos cinemas do El Corte Inglés, com o seu balde de pipocas tamanho jumbo e a sua Cola tamanho gigante, caminhava em direcção da sala de cinema onde iria assistir a um qualquer filme quando foi interceptado por um amigo seu que, antes de mais nada lhe disse "O que é que andas aqui a fazer?". Estupidificado pela pergunta do referido indivíduo e, não sendo ele um sujeito confrontativo, respondeu a verdade com ar de desprezo. Eu cá diria que me estava a preparar para me fazer à pista para o aquecimento dos 3000 metros obstáculos.
Voltando à minha experiência, aconteceu-me certo dia, depois das férias de Verão, encontrar um amigo que não via há algum tempo e que intercepta com a mítica pergunta: "Então... já voltaste?". Não, eu não havia voltado, estava ainda no Algarve e aquele vulto que surgia perto dele não era mais do que um produto da sua imaginação, ou até mesmo um holograma...não passava de uma ilusão.
A minha demanda e conselho de hoje não é que tentem acabar com este flagelo, já que isso é impossível. Peço-vos, isso sim, que comecem já hoje a pensar em respostas criativas, agressivas e altamente sarcásticas, numa tentativa de ensinar a esta gente, a pensar bem antes de perguntar, para além de conferir uma conotação cómica e alegre a qualquer início de conversa.
Saudações Simeanescas.

quarta-feira, novembro 17, 2004

Neve...

Hoje ouvi na rádio uma notícia que me deixou algo alarmado. Parece que certos especialistas publicaram um estudo que indica que o ritmo da descongelação dos glaciares dos alpes aumentou bastante nos últimos 15 anos, prevendo atambém que continuará a aumentar no futuro.
Eu sei o que devem estar a pensar mas não, o objectivo deste post não será dissertar sobre a vida pessoal de gente que passa 15 anos da sua vida a observar o gelo no cimo de montanhas. É que eu pus-me a pensar que isto pode ditar o fim da indústria do turismo de neve nesta zona, algo que torna a nossa Serra da Estrela em algo com mais procura por este turismo. Ora aqui está um problema, já que Portugal parece não gostar deste tipo de turismo. Digo isto já que, cada vez que caem mais de 10 cm de neve na serra, automaticamente as estradas são cortadas ao trânsito, talvez com medo que os turistas roubem a neve. Se, por acaso e obra do engenho, o turista conseguir escapar às barreiras da GNR, repara que tem de dormir ao relento, na medida em que, somando todos os quartos de hotéis, pensões, albergues e casas privadas, aquela zona tem uma lotação de cerca de 300 quartos que, também curiosamente, estão sempre esgotados.
Resta assim ao comum turista passar um dia na neve, voltando à noite para casa mas, até isso é complicado. A neve, devido à profusão de estradinhas e lojas, apenas tem cerca de 100 m2 de neve branca, estando este espaço com uma densidade populacional semelhante à da Costa da Caparica em Agosto, restando apenas a cada família o seu m2 de neve pura para disfrutar.
Agora se a pessoa quiser disfrutar de um desporto de neve e não possuir material para tal, o caso muda de figura. Pode então deslocar-se à loja de aluguer buscar equipamento nunca do tamanho pedido (está sempre esgotado), para além da qualidade deste rivalizar com doações feitas para a Santa Casa da Misericórdia, tal é o aspecto do dito.
Assim, resumindo, nada melhor que passar um fim de semana a dormir na Guarda ou Covilhã, levantar de madrugada para fintar a GNR, podendo depois optar entre chafurdar em neve que já tem mais gasóleo que água, reclamar o seu palmo de neve pura, ou tentar fazer ski com material que parece ter sido atingido por napalm.
Já sabe: Vá para fora... cá dentro.

A Bola no Café

Há já algum tempo que vinha congeminando esta fantástica teoria que de seguida vos apresento. Convém salientar que isto não é uma qualquer ideia que “sai da boca para fora”; pelo contrário, baseei-me num estudo que eu próprio efectuei, presenciando os factos “ao vivo e a cores”...
É ponto assente que nos cafés assiste-se às mais caricatas cenas de uma vida em sociedade. Pois venho falar-vos de um tema muito em voga nos cafés onde não se paga mais de .50€ pelo dito (Naturalmente que numa Versalhes, a probabilidade, se existir de todo, de se ouvirem conversas destas é muito reduzida...): o futebol.
Durante sensivelmente duas semanas, o tempo que estive em frequências, vi-me obrigado a antecipar o café da manhã para as oito da matina. (“Oh, mas se não tomavas o café da manhã a essa hora, que é mesmo de manhã, quando é que o fazias?” pergunta o/a leitor(a). Meus amigos, oito da manhã não é de manhã. É de noite. Café da manhã antes do meio-dia, não é café da manhã, é martírio.) Pois bem, caso não saibam, é por esta hora que o tuga médio/baixo bebe o seu café antes de se ir queixar para o trabalho porque trabalha muito e recebe pouco. Ora que outro tema de conversa pode surgir entre o cliente e o empregado de balcão, senão a bola?
Surpreendentemente, apesar da controvérsia que sempre acompanha o desporto, cliente e empregado parecem sempre chegar a um entendimento. Logo quando o que se queria era pancadaria com colheres, chávenas e pacotes de açúcar a voar...
No entanto, o processo pelo qual se chega ao referido entendimento varia. Ei-los:
1 – Entendimento por concordância. Este é o mais raro, uma vez que é incrivelmente difícil encontrar um cliente e um empregado adeptos do mesmo clube. Apesar de tudo, verifica-se. Partilhando da mesma felicidade ou abatimento, os dois falam sempre no mesmo sentido, acabando por ficar grandes amigos de ocasião.
2 – Entendimento por simpatia. Este desenvolve-se habitualmente no sentido empregado – cliente. Dado que uma conversa sobre futebol desponta sempre que um dos intervenientes refere uma qualquer injustiça ou lance duvidoso, quando tal acontece, o outro, apesar de secretamente dar urros e gritos de alegria pelo sucedido, expressa a sua simpatia para com o primeiro, referindo que “para a próxima corre melhor” ou que “de facto, eu próprio não tenho bem a certeza” (simultaneamente batendo três vezes num qualquer objecto de madeira à mão....)
3 – Entendimento por desconversa. Pessoalmente, o meu favorito. Tive oportunidade de presenciar umas quantas situações deste calibre e confirmo que servem de combústivel para uns bons minutos de gargalhadas... Exemplicando: cliente entra no café, inevitavelmente com um jornal desportivo debaixo do braço, e, depois de servido o “levanta a pestana”, lança a bomba: “Então e este Sporting hein? Bela poia que este Peseiro me saíu... “ Ao que o empregado riposta: “Não me diga nada! Às vezes fico doido com as substituições do Trappatoni...” “Vá lá que com o Boavista agora deu para encher o papo... para compensar as exibições de tanga que se devem seguir...” “Sim, do mal o menos.. não estamos em primeiro, estamos em segundo... Que é que se pode fazer?” E assim continua o diálogo, cada um falando do que lhe apetece, chegando curiosamente a um qualquer entendimento final, indo cada um para seu lado feliz por encontrar alguém que entenda as suas preocupações futebolísticas.
A título de conclusão, têmos que esta teoria só se verifica para o Benfica e o Sporting. Se por acaso um dos intervenientes tem a infeliz ideia de, em Lisboa, falar do Porto, aí não há entendimento possível, seguindo-se um chavascal de palavrões e insultos trocados...
Enfim, é o futebol. Move multidões, põe-nas à pancada, incita à leitura (veja-se a saída de jornais como A Bola, O Jogo ou o Record), promove comes e bebes tradicionais como a “mine” e a “sande de coirato”, dá dinheiro a toda a gente (até aos árbitros) e, mais que tudo, serve de conversa de café....

domingo, novembro 14, 2004

O Tuga faz sempre melhor...

Até na música o acima se verifica. Reparem como a qualidade da letra de uma música em inglês nada se compara, quando falamos de um mesmo tema, a morte causada por um desastre automóvel. Reparem na morbidez latejante e hiper-realismo brutal desse ícone da música ligeira nacional, quando comparado com essa fraca e extremamente leve letra de uma banda americana. Apreciem:


Pearl Jam - Last Kiss

Where, oh where, can my baby be?
The Lord took her away from me
She’s gone to heaven, so I’ve got to be good
So I can see my baby when I leave this world

We were out on a date in my daddy’s car
We hadn’t driven very far
There in the road, straight ahead
A car was stalled, the engine was dead

I couldn’t stop, so I swerved to the right
I’ll never forget the sound that night
The screamin tires, the bustin glass
The painful scream that I heard last

Oh where, oh where, can my baby be?
The Lord took her away from me
She’s gone to heaven, so I’ve got to be good
So I can see my baby when I leave this world

When I woke up the rain was pourin down
There were people standin all around
Something warm flowing through my eyes
But somehow I found my baby that night

I lifted her head, she looked at me and said
"Hold me darling, just a little while"
I held her close, I kissed her our last kiss
I found the love that I knew I had missed

Well now she’s gone
Even though I hold her tight
I lost my love, my life, that night

Oh where, oh where, can my baby be?
The Lord took her away from me
She’s gone to heaven, so I’ve got to be good
So I can see my baby when I leave this world


-

Graciano Saga - Vem Devagar Imigrante

"Imigrante vem devagar por favor,
temos muito tempo para lá chegar
e depois, lá diz o velho ditado:
Mais vale um minuto na vida,
do que a vida num minuto."

Passou-se no mês de Agosto,
este drama tão cruel
de um imigrante infeliz
Foi tanta a pouca sorte,
na estrada encontrou a morte
quando vinha ao seu país
Do trabalho veio a casa,
preparou a sua mala
e partia da Alemanha
Mas seu destino afinal
acabou por ser fatal
numa estrada em Espanha
Dizem aqueles que viram
que ele ia tão apressado
a grande velocidade
Foi o sono que lhe deu
o controlo ele perdeu
desse carro de maldade

Foi o sono que lhe deu
o controlo ele perdeu
desse carro de maldade

Trazia na sua mente
ir ver o seu pai doente
que estava no hospital
Na ideia um só pensar
o seu paizinho beijar
ao chegar a Portugal
Mas tudo foi de repente
partiu de Benavente
o drama aconteceu
Ele vinha tão cansado
de tanto já ter rolado
e então adormeceu
Nada podendo fazer
num camião foi bater
e deu-se o choque frontal
Seu carro se esmagou
e desfeito ele ficou
num acidente mortal

Seu carro se esmagou
e desfeito ele ficou
num acidente mortal

Ele não vinha sozinho
trazia também consigo
sua mulher e filhinho
Sem dar conta de nada
e naquela madrugada
morrem os três no caminho
Quando a notícia chegou
no hospital alguém contou
o desastre que aconteceu
Seu pai que tanto sofria
nunca mais o filho via
fechou os olhos morreu
Imigrantes oiçam bem
não vale a pena correr
porque pode ser fatal
Venham todos devagar
há tempo para cá chegar
e abraçar Portugal

Venham todos devagar
há tempo para cá chegar
e abraçar Portugal

sábado, novembro 13, 2004

Comprar mais do mesmo, não significa pagar menos...

Todos nós estamos familiarizados com expressões como “olhe que a arroba é mais barata”, ou “se levar mais qualquer coisinha faço-lhe um descontozinho”, ou mesmo “leve três e pague 2”. Estas traduzem a simples ideia de que comprar muito custa menos e correspondem àquilo que na gíria comercial se denomina por “desconto de quantidade” (vá-se lá saber... os nomes que eles «inventem»).
Ora se antes a estratégia dos comerciantes (todos aqueles que vendem alguma coisa... não são só merceeiros como pensaram) era despachar a mercadoria rápido, mesmo que isso significasse não receber tanto, agora encontraram um esquema surpreendentemente elaborado e complicado para aproveitar as vantagens do método acima descrito, sem sofrer o seu lado menos bom... No entanto, eu, Fragata, sempre na denúncia das injustiças praticadas diariamente pelos poderosos neste nosso país “de tanga”, na protecção dos cidadãos oprimidos, decidi revelar ao mundo esse plano diabólico e terrífico engendrado pelos responsáveis dos pardieiros comerciais que acolhem habitualmente a mais diversa e interessante fauna tuga.
Acontece que há uns dias, circulava eu numa superfície comercial em Benfica depois de adquirir um belo exemplar da literatura de 1935, quando me veio à memória a ausência de pastilhas elásticas no porta-luvas do meu veículo (fica aqui o aviso: nunca andem sem pastilhas no carro. Ter pastilhas à mão é como ter o canivete do Macgyver em versão comestível). De imediato me dirigi ao supermercado cujo nome não vou revelar para proteger sensibilidades. Chegado ao Continente, fui directo para as caixas, já que é aí que os marketeers do estaminé resolveram pôr as pastilhas, numa tentativa de despertar um qualquer desejo de última hora. Dado que agora disponho de mais tempo do que consigo gastar, quando me aproximo das prateleiras, por uma qualquer razão inexplicável, fiquei intrigado com o facto de terem pacotes separados e pacotes de conjunto no mesmo sítio. Recordando o velho adágio de que “ao quilo é mais barato” lancei a mão para o pacote de três. Porém, ao olhar de relance para os preços, qual não é o meu espanto quando constato que o pacote de conjunto de três era mais caro do que adquirir três pacotes individuais! Incrível! Aproveitando-se desta noção antiga incutida na população tuga no decorrer de muitos séculos, andam os chicos espertos a fazer quatro centimos de euro por cada panhonha que ludibriam na compra de pastilhas elásticas! Sabe-se lá o que virá a seguir.... 6 pacotes de leite separados mais baratos que uma pacote de conjunto de 6?! Estamos encaminhados para a destruição!
Fica aqui lançado o repto: Comprem tudo o que tiverem de levar em quantidade em porções individuais! Assim poupam dinheiro (para alimentar a crise que essa ultimamente anda esfomeada... temos de ser uns para os outros), e ao obrigarem o pessoal das caixas a passar uma infinidade de artigos pelo leitor, criarão filas imensas nos supermercados, obrigando os donos a contratar mais pessoal para as caixas. Tal situação, não só levará a que os donos das superficies comerciais portuguesas percam dinheiro com o pessoal, como perderão dinheiro por tentarem aldrabar o forreta povo português! E mais! Por outro lado, uma medida destas tomada em massa, reduziria o desemprego, constituíndo uma força extra no motor de arranque da nossa economia que há muito parece ter enferrujado e perdido o hábito de lançar Portugal...
E tudo isto, comprando pastilhas mais baratas....

sexta-feira, novembro 12, 2004

"A água" por Manoel Maria Barbosa du Bocage

Nota: Achei por bem desta vez não censurar as palavras mais ofensivas. Tudo em prol da manutenção da beleza original da obra poética que se segue.


Meus senhores eu sou a água
que lava a cara, que lava os olhos que lava a rata e os
entrefolhos que lava a nabiça e os agriões que lava a piça e os
colhões que lava as damas e o que está vago pois lava as mamas e
por onde cago.

Meus senhores aqui está a água
que rega a salsa e o rabanete
que lava a língua a quem faz minete que lava o chibo mesmo da
rasca tira o cheiro a bacalhau da lasca que bebe o homem que bebe
o cão que lava a cona e o berbigão

Meus senhores aqui está a água
que lava os olhos e os grelinhos
que lava a cona e os paninhos
que lava o sangue das grandes lutas que lava sérias e lava putas
apaga o lume e o borralho e que lava as guelras ao caralho

Meus senhores aqui está a água
que rega as rosas e os manjericos
que lava o bidé, lava penicos
tira mau cheiro das algibeiras
dá de beber às fressureiras
lava a tromba a qualquer fantoche e lava a boca depois de um
broche.

O alcóol explicado

1 - O USO CONTÍNUO DO ÁLCOOL PODE LEVAR AO USO DE DROGAS MAIS PESADAS?
Não, o álcool é a mais pesada das drogas - uma garrafa de cerveja pesa cerca de 900 gramas.
2 - A CERVEJA CAUSA DEPENDÊNCIA PSICOLÓGICA?
Não. 89,7% dos psicólogos e psicanalistas entrevistados afirmam que preferem uísque.
3 - AS MULHERES GRÁVIDAS PODEM BEBER SEM RISCO?
Sim. Está provado que nas operações STOP os polícias nunca fazem o teste às grávidas... E mesmo que tenham de andar em linha recta, os guardas acham que ela está torta pelo peso da barriga.
4 - A CERVEJA PODE DIMINUIR OS REFLEXOS DOS MOTORISTAS?
Não. Uma experiência foi feita com mais de 500 motoristas: foi dada 1 caixa de cerveja a cada um, e, em seguida, colocaram um por um diante de um espelho. Em nenhum dos casos os reflexos foram alterados.
5 - EXISTE ALGUMA RELAÇÃO ENTRE A BEBIDA E O ENVELHECIMENTO?
Sim. A bebida envelhece muito depressa. Para se ter uma ideia, uma cerveja aberta em cima da mesa, sem um acondicionamento especial, perde o seu sabor em aproximadamente quinze minutos.
6 - A CERVEJA ATRAPALHA NO RENDIMENTO ESCOLAR?
Não, pelo contrário. Alguns donos de faculdades estão a aumentar os seus rendimentos com a venda de cerveja nas proximidades de bares universitários.
7 - A BEBIDA MATA?
Sim. Há anos atrás, soube-se que um rapaz, ao passear pelas ruas, foi atingido por 1 caixa de cerveja que caiu de um camião, levando-o à morte instantânea. Além disso, casos de enfarte do miocárdio em idosos têm sido associados às propagandas de cervejas com modelos semi-despidas.
8 - O QUE FAZ COM QUE A BEBIDA CHEGUE AOS ADOLESCENTES?
Inúmeras pesquisas vêm sendo feitas por laboratórios de renome, e todas têm o mesmo resultado, indicando que em primeiro lugar estaria o empregado de mesa.
9 - CERVEJA CAUSA DIMINUIÇÃO DA MEMÓRIA?
Que eu me lembre não!

Comentários...

As mudanças no blog tiveram um aspecto negativo: perderam-se os comentários.
É verdade... a conversa de circunstâcia, os elogios, críticas, chingamentos e discussões que quase levaram a vias de facto foram perdidas devido à mudança do servidor que fornece este serviço.
Quero agradecer aqui a todos aqueles que comentaram, dizer-lhes que a sua contribuição fez deste espaço algo de suportável e apelar-lhes que continuem a comentar, a discutir ou simplesmente a ler.

Novos tempos...

Como podem ver, o blog sofreu uma remodelação estética, já que me estava a parecer que o antigo visual já cansava.
Estas alterações deixam sempre alguns detalhes por acertar, pelo que não se admirem o desmoralizem se algumas das funcionalidades pararem de funcionar.
Teremos este vosso pequeno cantinho de sabedoria a correr na sua máxima força brevemente...

Saudações Simeanescas

quinta-feira, novembro 04, 2004

Virgindade autenticada

"No arquivo distrital de Viseu existe um documento cuja data não nos foi possível precisar, mas que nos parece ser do início deste século.
É um certificado passado por uma parteira da época, chamada Bárbara Emília, natural de Coira, Viseu, a pedido de uma jovem que pretendia libertar-se da difamação e provar a sua virgindade, para contrair casamento.
O documento dizia assim:
Eu Bárbara Emília, parteira que sou de Coira, atesto e certufico pela minha onra que Maria de Jesus tem as partes fudengas tal e qual como nasceu, insceto umas pequenas noidas negras junto dos montes da crica que a não serem da nascença sarão provenientes de marradas de piça."
Ora aqui está uma excelente peça de jornalismo, desta feita proveniente da Gazeta do Tejo....

quarta-feira, novembro 03, 2004

Levem Tudo Menos a Inteligência

Quando parecia que já estava provado que o tuga era o habitante mais primário do velho continente, a TVI brinda-nos com mais um programa que reforça todas as teorias sobre o terrivel ensino que se pratica neste país.
Fazendo um habitual "zapping" de fim de tarde, apanhei em flagrante, Carlos Ribeiro esse ícone da televisão portuguesa que se notabilizou ao apresentar a Casa Cheia, ao comando de mais um maravilhoso programa - Levem Tudo Menos a Casa. Este, consiste nos concorrentes apostarem pelas da sua casa em troca de dinheiro ou de outros bens, para isto só têm de responder a perguntas cujo nível de exigência roça o rídiculo. Mesmo assim o tuga médio não consegue ultrapassar este disparatado exercicio de cultura geral ..... em poucos minutos de visionamente presenciei uma Dona Elvira a dizer que o 2º rei de Portugal teria sido Afonso II, que o 5 de Outubro comemora a Independência Nacional e que Richard Nixon foi o responsavel pela participação dos EUA na 2ª guerra mundial. Com tamanha demonstração de cultura, chego à simples conclusão que a senhora deve ter saltado todo o ensino primário vista a elementariedade das questões em causa.
Após a eleição de George W. Bush e quando todo o mundo pensava que os americanos eram a população mais básica do mundo, a TVI e Carlos Ribeiro lembram-nos que não. Perante isto apenas me resta agradecer.