Neve...
Hoje ouvi na rádio uma notícia que me deixou algo alarmado. Parece que certos especialistas publicaram um estudo que indica que o ritmo da descongelação dos glaciares dos alpes aumentou bastante nos últimos 15 anos, prevendo atambém que continuará a aumentar no futuro.
Eu sei o que devem estar a pensar mas não, o objectivo deste post não será dissertar sobre a vida pessoal de gente que passa 15 anos da sua vida a observar o gelo no cimo de montanhas. É que eu pus-me a pensar que isto pode ditar o fim da indústria do turismo de neve nesta zona, algo que torna a nossa Serra da Estrela em algo com mais procura por este turismo. Ora aqui está um problema, já que Portugal parece não gostar deste tipo de turismo. Digo isto já que, cada vez que caem mais de 10 cm de neve na serra, automaticamente as estradas são cortadas ao trânsito, talvez com medo que os turistas roubem a neve. Se, por acaso e obra do engenho, o turista conseguir escapar às barreiras da GNR, repara que tem de dormir ao relento, na medida em que, somando todos os quartos de hotéis, pensões, albergues e casas privadas, aquela zona tem uma lotação de cerca de 300 quartos que, também curiosamente, estão sempre esgotados.
Resta assim ao comum turista passar um dia na neve, voltando à noite para casa mas, até isso é complicado. A neve, devido à profusão de estradinhas e lojas, apenas tem cerca de 100 m2 de neve branca, estando este espaço com uma densidade populacional semelhante à da Costa da Caparica em Agosto, restando apenas a cada família o seu m2 de neve pura para disfrutar.
Agora se a pessoa quiser disfrutar de um desporto de neve e não possuir material para tal, o caso muda de figura. Pode então deslocar-se à loja de aluguer buscar equipamento nunca do tamanho pedido (está sempre esgotado), para além da qualidade deste rivalizar com doações feitas para a Santa Casa da Misericórdia, tal é o aspecto do dito.
Assim, resumindo, nada melhor que passar um fim de semana a dormir na Guarda ou Covilhã, levantar de madrugada para fintar a GNR, podendo depois optar entre chafurdar em neve que já tem mais gasóleo que água, reclamar o seu palmo de neve pura, ou tentar fazer ski com material que parece ter sido atingido por napalm.
Já sabe: Vá para fora... cá dentro.
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