Correndo o risco de repetir alguns mails que insistentemente percorrem a internet, queria hoje falar sobre algumas coisas a ter em conta quando se assiste a filmes americanos, especialmente àqueles destinasdos a render mais de 50 milhões de dólares nas bilheteiras. Nos filmes de acção, a partir do momento em que o herói fica sem camisa ou camisola, torna~se praticamente indestrutível, sofrendo apenas arranhões quando atravessa por janelas ou portas a arder. Por outro lado, as únicas peças de roupa que se danifica são as camisolas e, por vezes os sapatos, já que ainda está para chegar o dia em que veremos Rambo a matar um pelotão do exército russo em roupa interior. Podemos também ver que todos os heróis são ambidestros e exímios atiradores, já que, com o braço direito partido e 8 balas na pistola matam sempre um bando de criminosos armados com metralhadoras, bazookas, veículos blindados ou mesmo helicópteros, para além de, mesmo aqueles que começam como "ratos de laboratório" involuntariamente arrastados numa missão aparentemente suicida com um grupo de forças especiais serem sempre os únicos sobreviventes e terem um profundo conhecimento de armas e explosivos nacionais e estrangeiros, para além de estarem sempre no pico da sua forma física. Por outro lado temos que entes de morrer ou matar o vilão, o herói possui sempre um comentário sarcástico ou de destaque, mesmo que nessa altura esteja a esvair-se em sangue. As armas por outro lado também são especiais, já que não possuem qualquer recuo depois do disparo, como é visível com Clint Eastwood e o seu Dirty Harry a disparar a Magnun .44 ("o revóver mais poderoso do mundo") sem sequer tremer. Os actores secundários cujo papel é ser carne para canhão, encontram-se a morrer e sobrevivem apenas até conseguirem contar ao personagem principal os seus segredos e pistas para descobrir o assassino, nunca dizendo nada que lhes pudesse significar algo pessoalmente.
Temos também o facto de não haver nenhum problema em fumar em hospitais ou qualquer outro lugar; o facto de que o herói e a donzela em apuros estarem sempre dois metros à frente do limite da explosão de um edifício, de ser necessário apenas um murro na face para deixar um inimigo inconsciente, excepto o arqui-rival que começa sempre a ganhar mas subitamente perde ritmo.
Os vilões têem também as suas características: nunca matam o herói de forma simples, deixando-o sempre viver o tempo necessário para organizar a fuga, revelam sempre os seus planos de forma a que, escapando seja fácil ao herói terminar rapidamente com a ameaça. As bombas têem sempre cronómetros digitais bem legíveis para todos saberem quanto falta para rebentar para além de terem sempre os fios de côr diferente para não confundir ninguém
Outros são os filmes mais ligeiros, com a sempre presente cena de sexo suave, em que a actriz revela o contorno dos seus seios e o actor as suas nádegas, em que os lençóis parecem tapar sempre a acção principal, ou as cenas nos chuveiros, passadas sempre em polibans (nenhum glã tem uma banheira em casa) com portas de material opaco, nunca cortinas. Por outro lado, depois de terminado o acto, os lençóis (brancos para o caso do herói ser polícia ou detective e negros para heróis da alta sociedade) ganharem subitamente a forma de um L, cobrindo a actriz até ao pescoço e o actor até à cintura.
Os elementos são inúmeros mas, por muitos que sejam, mexem com qualquer coisa dentro do Homem fazendo tudo isto ter sentido e arrastando milhares para as salas de cinema.
Isto objectivamente é lodo cinematográfico...mas eu gosto.