Cartões das Gasolineiras
Ora aqui está um assunto que me pôs a pensar enquanto viajava rumo ao horizonte pelas autoestradas nacionais e, graças à nossa extrema dimensão, o atingia em duas horas e pouco. Se virmos bem, os cartões de pontos de pouco servem, senão imaginemos: Vamos muito bem na estrada quando, de repente, o bólide que pilotamos pára abruptamente. Em pânico olhamos em redor e, ao passar os olhos pelo tablier, reparamos que aquele ponteiro ao canto está no E. Folheando sofregamente o manual de 784 páginas do dito veículo percebemos que o depósito de combustível está vazio e, no caso daqueles cujo QI ombreia com o de uma melancia madura, tentamos traduzir esta informação com um telefonema para o pai, do qual tiramos uma aterradora conclusão: acabou-se a gasosa.
Agarrando no bidon que todos transportamos na bagageira, marchamos sobre o alcatrão que, convenientemente se está a derreter nas nossas solas, devido à amena temperatura de 45º à sombra. Cinco horas e Trinta e cinco quilómetros mais tarde e seriamente desidratados ( O detergente para o pára-brisas NÃO se bebe ), alcançamos uma bomba de gasolina, convenientemente aquela onde costumamos encher o depósito e da qual temos o cartão de pontos.
Imaginemos agora que, ao meter a mão ao bolso percebemos que este está furado, sem sinais da carteira onde todo o dinheiro habitava. Convenientemente trouxemos o cartão de pontos no bolso da camisa, depois de o tirarmos daquele compartimento inútil que todos os carros parecem possuir.
Mas, ao conversarmos com o sábio gasolineiro que não se lava desde o último 29 de Fevereiro, assola-nos um choque tremendo. Podemos então adquirir uma caneta, um porta-chaves, um leitor de cd´s para chuveiro, um organizador electrónico de gravatas e até a mítica escova de dentes eléctrica de marca suspeita cujas recargas são facílimas de encontrar caso sejamos habitantes de Suat-Mein, um pequena aldeia no sul da China onde a fábrica labora.
Então é assim, mesmo com 39867 pontos no cartão que equivalem a milhares de euros de gasolina, podemos escrever, guardar chaves, ouvir o último CD de Tony Carreira (sempre disponível nestes locais) e até organizar as nossas gravatas de nylon italianos, mas a p**a do carro não vai sair do mesmo sítio!!
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