sábado, fevereiro 04, 2006

Olhe se faz favor....podia-me dar uma indicação?

Como bom homem tuga que sou, sempre que faço alguma viagem de carro para um sítio que não conheço, anoto algumas direcções na minha cabeça e sigo à aventura.
Invariavelmente, acabo perdido, sem qualquer ideia de onde estou ou como ali vim parar. É nestas alturas em que, fazendo uso da famosa hospitalidade portuguesa, encosto o carro a berma e, baixando o vidro, peço indicações a um qualquer transeunte que se encontre por perto. Usualmente muito cordiais e simpáticos, estes indivíduos rapidamente começam a debitar o melhor atalho (não o caminho mais simples) para o meu destino, percurso esse que envolve sempre meia dúzia de direitas, outras tantas esquerdas, alguns "ao cimo da rua vire na 2ª à direita" e o já mítico "ora bem...o shôr vai por esta rua até à rotunda, controla a rotuda e sai no sentido...".
Este processo não acaba aqui já que, dado que não conheço a zona, falho uma qualquer saída, quer por não contar caminhos de cabras como ruas ou por não ver o marco ou sinal que separa a rua do seu cimo, acabando sempre ainda mais longe do destino do que começara. Mas, com alguma insistência, algum gasto idiota de gasolina (dado que homem que é homem nunca hesita num cruzamento ou bifurcação, insistindo em tomar a decisão em milésimos de segundo, de forma a não ter de baixar uma mudança), lá chego aos meus objectivos.
Esta epopeia ganha novos contornos quando é empreendida em cidades com menos que 100.000 habitantes, já que são introduzidas na equação as medidas de distância locais. Temos por exemplo o "é já ali a seguir" que engloba todas as distâncias dos 50 metros aos 50 quilómetros. Outra medida de distância local é o tempo, como por exemplo o "o senhor vai seguir por este caminho por 5 minutos", que para além de ser válida para todas as velocidades automóveis, permanece inalterada quando a pergunta é feita por um ciclista, um peão ou um agricultor na sua carroça.
Todos estes elementos contribuem para que uma simples viagem se transforme numa aventura épica, pelo que sempre que chego a um sítio que não conheço depois de largos minutos à procura me sinto um pouco mais heróico e conquistador (ou cansado e pobre...depende).

Saudações Simeanescas