domingo, setembro 05, 2004

Honestidade do Odor

Gostaria oje de partilhar convosco outro daqueles factos que me inquietam no dia-a-dia, o Odor Desonesto. Não falo do cheiro peculiar que povoa os autocarros às 2 da tarde, nem daquelas pessoas que, ao cruzar-se connosco, nos deixam uma forte impressão de que acabaram agora o turno na ETAR. Isso é da falta de higiene e, embora deplorável, é consistente.
Refiro-me áquelas pessoas que, vergonhosas do seu odor mas não o suficiente para tomar banho, escolhem tentar tapar o sovaquame e o bedum com doses massissas de desodorizantes em spray, o que origina uma nova estirpe de fedor que, ao invés de ser algo natural, ganha agora um carácter quase híbrido, geneticamente alterado, que resulta numa nuvem invísivel mas espessa de um cheiro que está longe de ser agradável.
Temos também a variante no WC, onde quando certos e determinados indivíduos decidem "pintar a cerâmica", pensam que, naquele cubículo de meditação há oxigénio a mais, pelo que decidem adicionar ao odor com que eles nos brindam, doses abissais de latas de sprays ambientadores. Eles não percebem é que, para além de não enganarem ninguém, não facilitam em nada o papel do utilizador seguinte, já que a concentração de aerossol é tão elevada naqueles 5 metros quadrados que o ser humano necessitaria de criar guelras para conseguir extrair oxigénio da lavanda.
Apelo a todo o Tuga Olfacto-Desonesto para ter olhos na cara e pelos na narina e perceber que bombear com Axe não substitui um banho ou que pulverizar com Ambipur não substitui uma alimentação saudável.
Lamento trazer assuntos tão escatológicos para este tão sério palco, mas alguém tinha de dizer qualquer coisa.