sexta-feira, agosto 06, 2004

Palitos

É verdade....voltei a casa. Estive de férias a descomprimir de mais um ano passado de papo pró ar a pensar em coisas sobre as quais blogar (esta vida também cansa...)
É sempre giro voltar ao blog depoisas de algumas semanas de ausência e ver isto transformado num campo de batalha (gostei do despique nos comentários ao post do engate ao panuco) e pensei para mim mesmo que estava na hora de por alguma variedade (reparem que não usei o termo seriedade desta vez, porque tenho vindo a reparar que isto não é uma coisa séria, ao nível de outros blogs que nos andam praí a maldizer (não digo nomes...).
Mas bem, chegando eu à formosa terra que é Lisboa, apercebi-me que precisava de uma nova estante para o meu quarto já que, depois de abrir as janelas e acender as luzes me apercebi que tinhas mais buracos que madeira- Assim, como todo o bom tuga, meti-me no bólide e rumei a Alfragide, essa Meca dos grandes armazéns, mais especificamente à Ikea. Chegando lá, desloquei-me à secção pretendida, reparando, no processo, que a frequência daquela loja numa manhã de semana é igual à do Colombo aos domingos: 5% das pessoas vão directas ao que querem, compram e saem; 10% sabe ao que vai, mas depois de comprar decide dar uma vista de olhos ao resto. O resto da população da loja está lá simplesmente a passear ou a visitar, porque "ouviu dizer que era giro".
Mas, no meio de toda esta massa populacional, desde aqueles que olhavam apenas com desdém, dizendo para si mesmos "isto nã presta pa nada...lá em Paços de Frerreira é que se fazem móveis a sério". Outros dos espécimes presentes são os "acolhidos", aqueles que se sentem de tal forma em casa que se acomodam nas cadeiras expostas a descansar, se sentam com a família nos sofás em amena cavaqueira, ou aproveitam apenas as camas para descansar um pouco e pernoitar alguns minutos. No meio disto tudo temos o típico tuga, com o belo chinelo calçado, calção de banho vestido, camisola interior de manga à cava, cabelinho cuidadosamente cortdado no mítico estilo "Cabelinho à f*d*ss*". Todo coberto de de oiro falso, excepto o crucifixode baptismo, este indivíduo, cujo nome raramente tem mais de duas sílabas (Tozé, Cajó, etc...), porta usualmente no canto da boca um objecto que sempre me fascinou, o palito.
Esta afiada fartpa de madeira serve, supostamente, para retirar pedaços de comida que ficam presos nos dentes, algo que compreendo quando se utiliza imediatamente a seguir a uma refeição. Não compreendo, isso não, o propósito de o andar a passear na boca um dia inteiro. Será que é apenas um prolongamento da filosofia escuteira de estar sempre preparado, nunca sendo apanhado de surpresa por um pastel de bacalhau espontâneo. Pede também ser um impulso mineiro, tentando cavar atravé do dente, tentando trazer à luz do dia o chumbo que enche toda a sua dentição. A minha última explicação provém da juventude escolar, na qual, durante as aulas, o meu colega da carteira da frente se virava para trá com perguntas como "tens um compasso", ou um tranferidor ou "alguma coisa que corte", ao que a resposta era invariavelmente negativa ou resultava na oferta da chave de casa como instrumento de corte. De acordo com esta vertente, o palitador portará a sua farpa como recurso, já que a qualquer pedio pode responder: "cola não tenho...mas tenho um palito".
Espero que este post não sirva para absolutamente nada e... até ao próximo.