quinta-feira, julho 22, 2004

Opinião pública - A voz... das domésticas!

Desde há uns tempos para cá tenho vindo a reparar num fenómeno peculiar, e contudo de esperar num país trabalhador e produtivo como é o nosso, que são as participações dos telespectadores nesse programa da Sic Notícias, o Opinião Pública.
Acontece que hoje a situação foi de tal modo evidente que não pude deixar de vir deixar aqui uma palavrinha...
É certo que o tópico da edição de hoje (ou ontem, como quiserem) era bastante propício à constatação do facto que vos trago, mas acontece com toda e qualquer temática.
Pois estava eu às 11 da manhã a ver a bela da caixinha, no meu zapping habitual de férias quando encontrei o canal 5 da tv cabo. O tema do dia tratava de toda a situação dos preços das coisas e das promoções e saldos. Chegada a altura da participação do público, deparo-me com o seguinte: 1º telefonema - Maria Euscádia - Doméstica; 2º telefonema - Juliana Penedo - Doméstica; 3º telefonema - Ana Júlia Pastel - Doméstica... e por aí adiante. Com excepção de uma senhora reformada, quiçá doméstica em horas livres, só telefonaram senhoras com esta profissão. Ora, 11 da manhã já é hora de trabalho. Será que as lides da casa já estão todas tratadas?! Lógico que não. Eu visualizo a seguinte cena: Maria Euscádia, estando sozinha em casa, pega na tábua de engomar e liga a televisão. Ouve um bocado do programa e a certa altura, para fazer um break depois de passada a primeira peça de roupa não faz mais nada; pega no telefone dos patrões e vá de ligar para o programa, aproveitando o tempo de antena para dizer que se mata a trabalhar e mesmo assim não consegue o suficiente para, sequer em tempo de saldos, comprar qualquer coisinha bonita para usar em dia de festa...
Tal situação revolta-me profundamente. Não só não está a trabalhar para justificar o que ganha como ainda está a gastar dinheiro, seja electricidade da televisão como do telefone...
Ridículo. É esta uma pequena amostra do país de sevandijas e calões que fazem intervalos sempre que o patrão não está a olhar em que nos tornámos...
Depois é a crise....