Donos da Bola

Isto do Euro e da cobertura 24 sobre 24 feita pelas televisões, transmitindo basicamente tudo que tenha a ver com o desporto rei, pôs-me a pensar.
Como muitas vezes, regressei à minha infância longínqua, até aos intervalos de 10 minutos entre aulas em que, juntamente com 30 ou mais rapazes corria desalmadamente, criando um cenário semelhante a uma debandada de búfalos, para o campo da bola.
Aí surgia uma personagem mítica, uma criança imberbe que quase atingia o nível de semi-deus, inatingível: o dono da bola. Ser o dono da bola era como ser envolto por uma aura mística, nunca sendo olhado nos olhos pelos outros putos, circulando orgulhosamente com uma bola debaixo do braço. Ele chegava ao campo e reinava: escolhia equipas, manipulava as regras e decidia quem era expulso ou não da parrida. Era o maior. Para além disso, todos os outros putos ficavam envoltos numa camada de ignorância e desconhecimento, respondendo a qualquer pergunta feita nesse período com a frase "não sei...pergunta ao Tobia porque ele é que é o dono".
Os dias iam-se passando, nesta suave monotonia quendo, uma certa manhã se vê Tobias a chegar à escola sem a bola. Imediatamente todo o corredor e sala de aula pergunta em uníssono: "Então e a bola!?", ao que ele responde "Esqueci-me".Esta resposta marca o fim do reinado de Tobias como senhor do recreio, deixando o seu império em ruínas, até que outra criança traga a sua bola e tome o seu lugar.

Gostaria aproveitar esta oportunidade para anunciar que a minha participação no blog vai abrandar no próximo mês, já que obras em casa e férias vão limitar o meu acesso à internet. Continuem a visitar e a comentar. Boas férias para todos!!