sexta-feira, junho 04, 2004

Desporto à americana

Estava, um destes dias, a fazer o meu express-zapping (aquele no qual o dedo é colocado no botão de passar os canais e apenas sai quando se vislumbra uma forma feminina a descoberto), quando alguém passou à frente da televisão, quebrando o fluxo de infra-vermelhos, deixando esta no canal Sky News. Decidi ver um pouco, já que se tratava duma entrevista a pessoas inglesas sobre as suas impressões e planos para o Euro 2004. Tudo corria bem até ao momento em que foi entrevistado um turista americano que afirmou que o futebol era um desporto "para maricas".
Eu achei isto bastante iluminador, especialmente vindo de alguém cujo país se movimenta ao sabor de 4 desportos: Basebol, Basquetebol, Hóquei no gelo e futebol americano.
O primeiro, o basebol, resulta da capacidade americana de aprender cricket, saindo dai um desporto que ninguém, excepto eles e os cubanos quer jogar. Depois temos os basquetebol, um desporto para homens de barba rija, em que uma chapada na mão ou encosto equivale a uma falta e paragem de jogo.
Temos também o hóquei no gelo, onde cada jogador sai para o ringue com mais armadura que um cavaleiro medieval, nunido de um capacete à prova de bala, para já não falar da lança que usam para acertar no disco e o par de facasque levam por debaixo das botas.
Depois temos o meu preferido, o futebol americano (nome curioso já que é a parte do corpo com que menos vezes se joga isto). Aí temos, no máximo, jogadas emocionantes de 30 segundos, em que jogadores que pesam o mesmo que arcas frigoríficas se dopam até às orelhas para estarem numa linha a empurrar outros jogadores, 1 metro à sua frente (digamos que não é uma posição que exiga muita creatividade). Temos também os outros jogadores que correm e se mexem, donde resultam jogadas do tipo: "Tobias recebe a bola e recua...vira-se, espreita e atira a bola...a bola vai...vai...vai...e é agarrada por Pancrácio que avança...e é placado por Jeremias...o jogo pára...intervalo publicitário de 2 minutos". As pessoas pensam que é como nos filmes mas esquecem-se que na maioria dos filmes sobre futebol americano, a duração do filme é inferior à duração de um jogo completo que, desde que começa até que acaba, dá tempo para um jogador sair de campo, sujeitar-se a um transplante de coração e voltar a tempo do intervalo. Digamos também que se um destes jogadores fpsse envolvido num acidente de carro, com o seu equipamento completo, ficaria em melhor estado que o boneco da Michelin, tal é a quantidade de proteções que ata ao corpo.
Depois o futebol é que é para maricas....por favor.