quinta-feira, maio 13, 2004

Mas o qué qué isto ó meu?!

Quem julgava que na universidade se deixavam de ver aquelas criaturas peculiares e raras, os denominados Ratos, não podia estar mais equivocado.
Eu pertencia a este grupo ingénuo e desatento que não esperava mais encontros de terceiro grau com estes seres do submundo estudantil.
No entanto, foi na minha segunda incursão num teórica de Direito, autêntica selva intelectual, que me apercebi do meu erro. Na tentativa de ler o jornal com calma, dei por mim rodeado de sujeitos estranhos, de código civil, constituição, livros vários e caderno de apontamentos em mão, qual emboscada canibal a um herói que se atreveu a entrar no seu território, lançando-me olhares de indignação, que eu tomei como desaprovação dõ facto de eu me apresentar somente de jornal e caneta. Sem movimentos bruscos para não estorvar os animais no seu habitat natural, qual intrépido explorador do National Geographic, principiei o meu estudo da sua rotina e aparência.
Antes de mais nada, notei as particularidades da indumentária que apresentavam. Se eu estava de camisa de mangas puxadas, todos eles tinham t-shirt, polo, camisa e casaco (tanto machos como fêmeas), apresentando umas 5 golas coladas ao pescoço curto (característica da espécie). O estilo capilar também é muito sui generis. Ora tratando-se de “gente” que passa os dias com os olhos a 10 cm duma folha de papel, seria de esperar que apresentassem cabelo curto... Engano redondo. Cheguei ao extremo de avistar uma fêmea com a cabeça enfiada no caderno com uma trunfa que para além de tapar a folha (a pobre já tinha o cabelo todo pintado tais eram as dificuldades para escrever somente na folha) chegava aos calcanhares! Esta posição sobre as folhas também tem efeitos e nível vertebral. Não há qualquer espécime que não seja afectado por alarmantes cifoses. A minha estimativa é de que daqui a 20 anos, tenhamos uma legião de corcundas ratizados.
Por esta altura, abismado com a evolução desta espécie paralela, distanciada da sociedade corrente, fechada sobre si própria numa comunidade de corredor de biblioteca (para não falar do medo que me assaltava de que aquilo fosse contagioso) levantei-me e saí da aula, cogitando métodos eficazes de extermínio colectivo....