segunda-feira, março 01, 2004

As tendências automobilísticas Portuguesas

Há muito que esta questão do parque automóvel Português pedia uma pequena dissertação. Efectivamente, atrevo-me a afirmar que se assiste a uma situação caótica. O mau gosto e exibicionismo (pelo pior) são elementos predominantes. Há quem diga que estou redondamente enganado, que outros países estão em pior situação, que nós, os Portugueses, trocamos de carro muito mais frequentemente, entre outros argumentos. Mas a verdade é que eu nunca vi em estradas estrangeiras um corvette vermelho com néons azuis nos esguichos do párabrisas como já aconteceu em Lisboa. Como tal, a meu ver, justifica-se plenamente uma crónica sobre esta questão.
Comecemos então.
Após aturada introspecção foi-me possível classificar os vários grupos de anormalidades automóveis.
Assim, primeiramente, temos os carros feios, ou estéticamente inaprazíveis. Neste grupo incluem-se os micras, méganes, cocoons, smarts e outros que tais. Chamem-lhes futuristas, de linhas creativas, arrojados, de vanguarda, o que bem quiserem e lhes der na real mona! Não deixam de ser tremendamente feios! Os benefícios para todos seriam brutais se as pessoas que têm carros desses guardassem o dinheiro e andassem de volvo laranja (vulgo autocarro). Decerto haveria menos gente a circular de vista ferida.
De seguida temos os carros do tuning. Dentro deste grupo existem várias categorias. O tuning esbelto, o xuning, o zuning e o tuning caga-tacos.
Quanto ao tuning esbelto tenho apenas a dizer que apesar de não deixarem de ser uma variação esquisita, os carros mantêm um mínimo da sua estética e carroçaria originais. São automóveis modificados unicamente no interior, que não me ofende absolutamente nada. Talvez proporcione uma leve irritação quando um picanço que se antecipava de fácil resolução acaba numa ratada descomunal...
Contudo, existem aqueles que, não contentes com a possibilidade de alterar a motorização do carro, decidem em alternativa transformar o exterior. É aqui que, salvo as raras excepções do zuning, impera o mau gosto. Aquilo que podia ser um carro com a estética dum digno de aparecer no fast & furious, como os zuning, muitas vezes termina numa desgraça aos olhos do cidadão e transeunte comum. Tubos de escape que se assemelham a um foguetão, néons por todos os lados, que levam o indivíduo despercebido a julgar o bólide uma discoteca ambulante, música, não, batidas tão altas que fazem meio mundo estremecer e outro meio ruir, autocolantes no vidro traseiro a dizer “Racing”, culminando no rabo de coelho pendurado no retrovisor. É o tuning maltrapilho, o xuning.
Finalmente, surge o tuning caga-tacos. Estas são tentativas de alterações no veículo que têm sempre um resultado manhoso. Consubstancia-se no já conhecido “bolante de pau, pneu de pouca bufa e conta-voltinhas”.
É triste. Mas é assim. Resta-nos a nós, condutores e passeantes de bom gosto e apreço por automóveis dignos desse nome, esperar que seja proposta uma qualquer lei que erradique os palermas e os pseudo-Schumachers (com todo o respeito pelo Sr.) da estrada.