Paris I
Homem europeu como sou, apostei desta vez numa tournée pela capital do império e cidade-luz Paris.
Pois bem, como não poderia deixar de ser, fui e voltei com muito que contar. Apesar da imaginativa comida e do exemplar parque automóvel, não fugiu ao meu olhar por detrás da luneta, a extrema gayzisse que corre naquela cidade. Não é que ao dirigir-me a uma daquelas bancas de rua, que na nossa Lusitânia vendem os jornais, tabaco e pastilhas além da bela da revista pornográfica, reparei que lá é exactamente igual com a variável que à frente da palavra pornográfica se acrescenta a palavra Gay. É isso mesmo, nem uma revista com fêmeas desnudas vendia este e outros tantos quiosques, apenas era possível ao cidadão parisiense desfrutar de homens em pelota. Tendo em conta que os quiosques vendem o que as pessoas mais compram, poderemos tirar duas elações; ou há muita francesa que gosta de homens aos beijos, ou temos um caso dramático de paneleirice aguda naquela região do globo.
A acrescentar a este acontecimento que poderia ser esporádico e singular, acrescenta-se no dia que se seguiu uma visita à FNAC com vista a adquirir literatura. Em busca do Graal literário, atravessei a secção infantil, a histórica, a esotérica e quando pressinto que estou lá deparo-me com uma estante que tem escrito em cima a letras garrafais “Literature Gay”, como o leitor destas linhas deve calcular o meu espanto foi desde logo expresso com uma tremenda volta no estômago seguida de um limpar da vista de forma a confirmar o que havia sido previamente lido e culminado num virar costas triste e em jeito de censura. Com um Mayor mariconço e com esta profanação espalhada por toda a cidade poderemos concluir que a espécie humana caminha para o fim.
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