Fauna e Flora nos transportes públicos
Lembrando-me dos meus tempos de cidadão não-automobilizado, queria-vos agora expôr-vos uma teoria, elabora, em parte, em conjunto com um amigo descendente de magiares.
Reparem, ao entrar, de preferência num autocarro em hora de ponta, para as várias pessoas que compoem os passageiros. Em primeiro lugar temos o Balofus Omnibus , aqueles indivíduos cujos glúteos são de tal forma dimensionados que ocupam um assento e meio. Ao lado destes temos o comum desgraçado, apertado e comprimido contra a janela (os balofos sentam-se sempre na coxia) que, por passarem a viagem toda em cima do plástico lateral e não da almofada, saem sempre do autocarro com um andar muito pitoresco.
Depois temos sempre aqueles indivíduos que implementam a banda sonora, ao terem o som tão alto nos seus headfones que parece que estes estão virados para fora. Na traseira do autocarro, temos outra banda sonora mais étnica, na medida em que existem sempre duas ou trêas pessoas a falar num dialecto estranho, cuja principal entoação parece ser o grito. Por outro lado, para completar o panorama geral da população temos ainda o piloto, que não parece entender que não está a guiar um Fiat Panda e insiste em travar o mais em cima da linha possível, para além de tentar poupar combustível e travões ao não travar antes da curvas.
Se a tudo isto juntarmos o sempre presente cheiro, uma mistura de cebolinha, desodorizante barato e after-shave rasca, para além do sebo nos suportes, quer sejam os postes verticais quer sejam as pegas amarelas ou qualquer outra superfície sólida do interior do autocarro.
Tudo isto forma um bioma único na humanidade, experiência essencial a qualquer pessoa.
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